Vamos abordar aqui uma das vitaminas cuja suplementação tem se tornado cada vez mais comum e necessária: a Vitamina D. Ela é conhecida por sua função essencial no metabolismo ósseo; no entanto, já há comprovação de sua participação em outras funções, tais como auxiliar no sistema imunológico e no controle da glicemia, entre outras.
Ao falar em Vitamina D, podem surgir alguns questionamentos sobre o porquê de seu destaque atual em suplementação, ou qual a melhor forma de utilizá-la, ou se de fato é necessário fazer seu uso dessa forma, além da alimentação e exposição solar. Tais questionamentos serão esclarecidos ao longo deste artigo, bem como a diferença entre as conhecidas Vitamina D2 e D3.
Para compreender sua importância, faz-se necessário saber que muitas pesquisas e estudos apontam que a deficiência de vitamina D já atingiu índices epidêmicos em diversas partes do mundo, em todas as faixas etárias, afetando a saúde como um todo devido à sua atuação em distintas funções do organismo.
O que é a Vitamina D?
A vitamina D em suas diversas formas é classificada como um hormônio esteroide, ou seja, é produzida de forma endógena nos tecidos cutâneos após a exposição solar, a partir do hormônio esterol, bem como obtida através do consumo de alimentos específicos ou por suplementação. Pelo fato de ser produzida pelo organismo, muitos estudiosos questionam a nomenclatura de vitamina; no entanto, é atualmente classificada assim.
Qual a diferença entre Vitamina D2 e D3?
A Vitamina D2, também conhecida como ergocalciferol, é encontrada em fontes de origem vegetal e alguns fungos. Ela é produzida nas plantas sob a ação solar no hormônio ergosterol, um esteroide. Desta forma, suas fontes alimentares são de origem vegetal, alguns fungos ou suplementação. Por ser de origem vegetal, ela tem absorção inferior à Vitamina D3 no organismo humano.
Já a Vitamina D3 ou colecalciferol é de origem animal e é produzida no corpo humano a partir do colesterol com a ação da luz solar. Essa transformação se dá na pele, de onde a Vitamina D3 migra para o fígado através da circulação sanguínea, lá será transformada em calcidiol, que se liga às proteínas séricas (do plasma sanguíneo), e será mais uma vez transformada nos rins em calcitriol, sua forma ativa que atua nos tecidos sensíveis. As fontes de Vitamina D3 são de origem animal, como gema de ovo, peixe, carnes, frutos do mar e suplementação. No entanto, sua produção mais expressiva se dá com a exposição à luz solar.
Alguns estudos constataram que a Vitamina D3 é melhor absorvida no organismo do que a Vitamina D2, quando vem por suplementação, justamente por ser também de origem animal.
Funções da vitamina D3 no organismo:
• Regular o metabolismo ósseo:
Ela é responsável por aumentar a absorção intestinal de cálcio e fósforo e assim facilitar sua absorção pelos ossos e dentes. Sua falta faz com que apenas 10-15% do cálcio da alimentação seja absorvido, bem como apenas 60% do fósforo. Se estiver em quantidades adequadas, aumenta em 30 – 40% da absorção do cálcio e 80% do fósforo. Ela atua na regulação do Paratormônio (PTH), este é responsável pelo controle e retirada do cálcio dos ossos. A deficiência desta vitamina está relacionada à osteoporose e osteomalácia nos adultos, raquitismo em crianças, propensão a fraturas, dores musculares e nos ossos, entre outros.
• Prevenção de Diabetes:
Atua na produção e liberação de insulina pelo pâncreas, através do aumento de cálcio nas células onde ela é produzida, mineral essencial neste processo, prevenindo o desenvolvimento de Diabetes tipo 2. Alguns estudos também identificaram que a Vitamina D atua como protetor destas células, modulando a inflamação no órgão.
• Auxiliar no sistema imunológico:
Atua junto a algumas células do sistema imune, como monócitos, macrófagos e linfócitos, principalmente no linfócito T, estimulando a atividade imunogênica e antitumor, bem como diminui o desenvolvimento de distúrbios autoimunes, como artrite reumatoide, lupus, psoríase, e doença inflamatória intestinal. Além deste efeito imunomodulador, também produz diversas citocinas, que atuam nos processos inflamatórios.
• Prevenção de problemas cardíacos:
A vitamina D atua na contração e relaxamento dos músculos do coração, prevenindo infartos. Também atua no sistema renina-angiotensina, prevenindo o aumento da pressão arterial e o desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
• Fortalecimento muscular:
Assim como age no músculo cardíaco, também tem ação sobre os demais músculos, regulando a contração e relaxamento, atua na formação muscular, força e equilíbrio.
• Prevenção do câncer:
Diversas pesquisas em culturas celulares sugerem que a Vitamina D3 estimula a diferenciação celular, atua nas células cancerígenas impedindo sua proliferação, tem propriedades anti-inflamatórias e promove a apoptose (morte das células).
• Manutenção da saúde da pele:
Atua no metabolismo do colágeno, o qual promove firmeza, sustentação e elasticidade às estruturas do corpo, sendo uma delas a pele. Bem como regula a formação de queratinócitos, que protegem e hidratam a derme e a epiderme.
• Proteção do sistema nervoso:
Previne transtornos mentais, tais como doença de Alzheimer.
• Regulação dos níveis de magnésio:
Atua sobre os níveis deste mineral, o que auxilia na regulação da pressão sanguínea e sistema imunológico.
Deficiência de Vitamina D, sintomas e consequências.
Os sintomas mais frequentes e fáceis de identificar são as dores nos ossos e fraqueza muscular. Conforme as funções da Vitamina D3 no organismo, podemos concluir que sua deficiência pode provocar distúrbios na regulação do cálcio e doenças relacionadas, como osteoporose, osteomalacia, raquitismo, problemas de pele, cardíacos, musculares, bem como enfraquecimento do sistema imunológico e maior propensão de desenvolver Diabetes tipo 2 e doença de Alzheimer, entre outros. No entanto, se consumida em excesso, pode causar pressão alta, fraqueza muscular, falta de apetite e dor abdominal.
Fontes e recomendações de uso
Conforme é conhecido de muitos, a maior forma de produzir Vitamina D3 é a exposição solar, sendo assim, tem aumentado a necessidade de suplementação, devido ao medo que muitos têm de adquirir câncer de pele, e em outros casos por falta de tempo e informação para fazê-lo de forma adequada.
A exposição solar para surtir os efeitos desejados deve ser no horário das 10:00 às 15:00, durante 15 a 20 minutos, 3 vezes na semana para quem tem pele clara. Já quem tem a pele mais escura deve fazer de 30 minutos a uma hora de 3 a 5 vezes na semana. A partir desta informação fica claro que o tempo de exposição solar não é suficiente para provocar câncer de pele, conforme alguns pensam, o que favorece tal prática.
As fontes alimentares mais conhecidas da Vitamina D3 são: carnes, frutos do mar, gema de ovo, leite e derivados, sardinha, salmão e atum.
Cada faixa etária possui uma recomendação de uso: Crianças de até 12 meses devem ingerir 10 mcg de vitamina D por dia, sendo já protocolo de pediatria a suplementação, junto com Vitamina A, desde o primeiro mês do bebê.
Homens e mulheres de 1 a 70 anos têm a recomendação de 15 mcg de vitamina D por dia.
Idosos com mais de 70 anos devem ingerir 20mcg de Vitamina D por dia.
Afinal, devo suplementar?
Esta dúvida pode ser respondida pela avaliação de um médico ou nutricionista, o qual pode solicitar exames para seus pacientes medindo os níveis sanguíneos e fazer a correta orientação sobre a necessidade de suplementação. No entanto, você pode já avaliar e rever como está seu consumo de alimentos fonte de Vitamina D3 e sua exposição ao sol. Esclarecido que o tempo necessário para tal não traz riscos para provocar câncer de pele, já é possível iniciar um processo natural de estimulação da sua produção.
Quem sabe um passeio ao ar livre, de 3 a 5 vezes na semana, cabe na agenda e além de estimular a produção de Vitamina D3, também favorecerá outros hormônios do bem-estar, trazendo benefícios como um todo. Caso esta prática seja inviável para você, esteja atento aos sinais e sintomas do seu corpo, busque orientação profissional e não deixe esquecida esta vitamina fundamental para o organismo.
Fontes:
https://vidasaudavel.einstein.br/vitamina-d
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39132/tde-20042007-100232/publico/Dissertacaomestrado.pdf
http://labs.icb.ufmg.br/lbcd/prodabi3/grupos/grupo3/esteroides.html
https://www.anad.org.br/a-vitamina-d-mostra-efeitos-protetores-para-as-celulas-do-pancreas