Melatonina: 5 benefícios do hormônio do sono!

Se você está com dificuldades para dormir ocasionalmente, trabalha à noite ou viaja para países com fuso horário distinto do seu, a melatonina pode ser uma boa aliada como suplementação a curto prazo, visto que tem orientação de uso por até seis meses apenas.

Um suplemento alimentar que não precisa de receita médica para compra, a melatonina pode ser usada principalmente nas situações descritas acima, mas deve ser bem avaliada junto a um profissional para orientar a dosagem e a forma de consumo. Por se tratar de um hormônio, sempre exige um cuidado maior na administração. Para maior entendimento, um hormônio mal administrado pode fazer com que a produção pelo organismo diminua ainda mais ou até mesmo pare, exigindo atenção em seu uso.

O que é então a Melatonina?

A melatonina é um hormônio que pode ser encontrado na forma de suplemento e é naturalmente produzida pelo nosso cérebro, em uma glândula chamada pineal, a partir do aminoácido triptofano. Sua função é regular o sono e o ciclo circadiano, ou seja, nosso relógio biológico, além de outras funções no organismo, como antioxidante e auxiliar no sistema imunológico.

Como se dá a sua produção?

Ela é produzida geralmente à noite, em condições de baixa luminosidade, levando ao adormecimento e mantendo o sono até o amanhecer. Esse processo ocorre quando os raios de luz que penetram nos olhos e atravessam a retina sinalizam ao núcleo supraquiasmático, que então informa à glândula pineal para parar a produção do hormônio. Isso explica o fato de que ao amanhecer iniciamos o despertar e ao anoitecer começam os sinais de sono.

Sua síntese acontece a partir da serotonina, um neurotransmissor derivado do triptofano, um aminoácido obtido através da alimentação. Este se transforma em 5-hidroxitriptofano (5-HTP), depois em serotonina e, em seguida, em melatonina, em ambientes escuros. Isso explica por que pessoas com depressão muitas vezes sofrem de insônia, pois se uma das causas for a baixa produção ou recaptação de serotonina, haverá uma baixa produção de melatonina. Assim como uma baixa ingestão de triptofano pode ter o mesmo efeito.

Nosso organismo é programado para produzir melatonina em quantidade suficiente. No entanto, diversas situações, como trabalho em turno noturno, mudança de fuso horário, estresse e até mesmo a exposição a telas à noite, podem afetar sua produção e liberação, causando distúrbios do sono.

Para estas situações, a suplementação pode ser indicada. No Brasil, ao contrário de alguns países, ela não é considerada um medicamento, mas sim um suplemento alimentar, seguindo a regulamentação determinada para estes. Sua comercialização foi autorizada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em outubro de 2021, considerando sua importância, mas também levando em conta os cuidados que devem ser tomados sempre ao se tratar de suplementação de hormônios. Como a melatonina despertava um grande interesse nos consumidores e produtores, a ANVISA rapidamente avaliou sua segurança e eficácia. Sendo comprovado que pode ser encontrada em alimentos e tem função metabólica, compreendeu-se que ela se encaixa na definição de substância bioativa, sendo assim regulamentada como suplemento alimentar desde então.

Quais as funções da Melatonina?

Como já vimos, a regulação do sono é a mais conhecida. Ela prepara o corpo para dormir, diminuindo a temperatura corporal e a pressão arterial, além de reduzir os níveis de alerta.

Entretanto, podemos elencar algumas outras funções secundárias:

  1. Antioxidante: Atua protegendo as células dos radicais livres, principalmente no cérebro, auxiliando na prevenção de doenças neurodegenerativas.
  2. Sistema imunológico: Tem propriedades anti-inflamatórias, ajudando a modular a resposta imunológica, principalmente em situações de estresse.
  3. Regulação hormonal: Influencia a regulação de outros hormônios, incluindo os responsáveis pela reprodução.
  4. Proteção cardiovascular: Alguns estudos apontam que ajuda a reduzir a pressão arterial e, dessa forma, melhora a saúde cardiovascular.

Quais os benefícios da suplementação de Melatonina?

Percebendo as diversas funções que este hormônio tem no organismo, podemos concluir que sua baixa produção causa uma grande desregulação como um todo. Sendo assim, a suplementação age diretamente em tais funções e em algumas outras descobertas através de estudos e pesquisas. Vamos conferir esses benefícios:

  1. Modular o sono: Existem evidências que comprovam que seu uso ajuda a tratar a insônia temporária e distúrbios do sono como jet lag. No entanto, ainda não há comprovação em relação à insônia crônica, pois pode estar relacionada a outras disfunções, não unicamente à falta de produção do hormônio.
  2. Proteção do sistema nervoso: Pelas suas propriedades antioxidantes, protege os neurônios da degeneração, podendo auxiliar no tratamento de problemas como glaucoma, retinopatia, degeneração macular, enxaqueca, fibromialgia, Alzheimer e isquemia. Através de alguns estudos, foi concluído que a melatonina pode ter efeito positivo em crianças com problemas de neurodesenvolvimento. No entanto, nos casos de problemas neuropsiquiátricos não foram encontradas evidências fortes.
  3. Melhorar os sintomas de depressão sazonal: Este transtorno está ligado à diminuição de serotonina e melatonina e ocorre durante o inverno, principalmente em lugares onde é mais longo. Seus sintomas são: tristeza, sono em excesso, aumento do apetite e dificuldade de concentração. Nestes casos, a suplementação pode ajudar a regular o ciclo circadiano e melhorar os demais sintomas.
  4. Tratamento de refluxo leve: Ela reduz a produção de ácido no estômago e óxido nítrico, responsável pelo relaxamento do esfíncter do esôfago, reduzindo o refluxo.
  5. Auxiliar no tratamento do câncer: ainda são necessários mais estudos, mas há evidências de que a melatoninapode potencializar o efeito do tratamento do câncer e reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia ou radioterapia.

Quais as fontes de Melatonina?

Além de ser produzida pela glândula pineal, a melatonina pode ser encontrada como suplemento de origem animal ou produzida artificialmente. Alguns alimentos também são fontes, mas não chegam a ter uma quantidade significativa, como cerejas, uvas, tomates, nozes e grãos.

Ela tem efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais da melatonina podem variar bastante de acordo com o local de produção do suplemento. Em geral, pode causar dor de cabeça, sonolência diurna, tontura, náuseas, irritabilidade, depressão transitória ou aumento de depressão. Em casos de epilepsia, pode provocar aumento de convulsões. Além disso, pode agravar doenças autoimunes e diminuir a fertilidade.

Interações com medicamentos

A melatonina pode interagir com diversos medicamentos, incluindo varfarina, anticoagulantes e antiplaquetários, anticonvulsivantes, medicamentos para controle da pressão arterial, imunossupressores, contraceptivos orais, antidepressivos, benzodiazepinas, metanfetamina, entre outros. É importante discutir o uso de melatonina com um médico, especialmente se você estiver tomando outros medicamentos.

Contraindicações da suplementação com Melatonina

A suplementação é contraindicada para gestantes e durante a amamentação, por ainda não haver comprovação de sua segurança nestes casos. Também deve ser evitada por pessoas com epilepsia, que usam o medicamento varfarina e idosos com demência. Além disso, não há comprovação sobre a segurança do uso prolongado de melatonina. Portanto, é aconselhável consultar um médico antes de iniciar o uso do suplemento, especialmente a longo prazo.

Como usar o suplemento?

A ANVISA indica seu uso para pessoas maiores de 19 anos, em doses de 0,21 mg por dia, via oral, 1 a 2 horas antes de deitar, para tratar a insônia e, mais frequentemente, a enxaqueca. No entanto, as doses variam de acordo com a disfunção a ser tratada, no caso de jet lag são encontradas doses que variam de 0,5 a 5mg por via oral 1 hora antes de dormir no horário habitual no dia da viagem e 3 a 4 noites depois do retorno.

Conclusão

A melatonina é um hormônio essencial com funções variadas no corpo humano, além de seu papel fundamental na regulação do ciclo sono-vigília. Seu uso terapêutico para tratar distúrbios do sono, jet lag, transtornos do sono em idosos, e transtorno afetivo sazonal demonstra sua versatilidade. No entanto, como qualquer suplemento, a melatonina deve ser usada com cautela e sob orientação médica para evitar possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas.

Sua importância como antioxidante e modulador do sistema imunológico também destaca seu potencial para benefícios à saúde além do sono. À medida que a pesquisa continua, novas aplicações terapêuticas da melatonina podem surgir, tornando-a uma ferramenta ainda mais valiosa na medicina moderna.

Fontes:

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/suplementos-alimentares-e-vitaminas/melatonina

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/suplementos-alimentares/melatonina#Evid%C3%AAncias_v75591958_pt

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-a-melatonina-na-forma-de-suplemento-alimentar

https://www.tuasaude.com/melatonina

National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH). “Melatonin: What You Need To Know.” NCCIH.

Carrillo-Vico A, Lardone PJ, Álvarez-Sánchez N, Rodríguez-Rodríguez A, Guerrero JM. “Melatonin: Buffering the Immune System.” PubMed.

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Cristine Farias Hoffmann
Cristine Farias Hoffmann

Cristine Farias Hoffmann K. é nutricionista, pós-graduada em Nutrição Clínica e Funcional. Ela oferece atendimento clínico online para pacientes em todo o Brasil, utilizando sua expertise para promover hábitos alimentares saudáveis e adaptados às necessidades individuais de cada paciente.
Site: https://nutricionistacristine.com.br

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