Diante das inúmeras ofertas de suplementos nutricionais no mercado atual, é compreensível que surja a dúvida se de fato é necessário fazer uso de algum desses produtos ou se é apenas mais um negócio rentável em expansão.
Para esclarecer esta questão, é importante compreender o que são os suplementos e os diversos tipos que são oferecidos, tais como: vitaminas, minerais, produtos voltados para a atividade física, emagrecimento, entre outros.
Mas afinal, qual o conceito de suplemento alimentar?
A Anvisa define na RDC 243/18 que os suplementos alimentares são alimentos desenvolvidos para indivíduos saudáveis para ingestão oral que complementam a dieta a fim de melhorar o funcionamento do corpo com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos, isolados ou combinados.
Já a Dietary Supplement Health and Education Act (DSHEA), de 1994, define como suplemento alimentar qualquer produto (exceto tabaco) em pílula, cápsula, comprimido ou forma líquida, contendo vitaminas, minerais, ervas ou outros produtos de plantas, aminoácidos ou outras substâncias alimentares conhecidas, utilizado com a intenção de suplementar a dieta normal.
Estas definições deixam claro que eles não são considerados medicamentos, embora em casos de deficiência de algum nutriente devam ser suplementados para ajuste e possam ser utilizados também por indivíduos enfermos.
De forma geral, são substâncias químicas que contêm um ou mais tipos de nutrientes, para completar a necessidade diária ou potencializar alguma função do organismo.
Onde encontramos os nutrientes essenciais, além dos suplementos?
Em geral, deveriam ser adquiridos através de uma alimentação balanceada e saudável, pois estão todos na natureza, tanto nos alimentos de origem animal quanto vegetal e até mesmo em alguns fungos benéficos, como os cogumelos. Como bem disse o filósofo Hipócrates, há mais de 2400 anos, “Que seu remédio seja o seu alimento, e que seu alimento seja o seu remédio”.
Entretanto, com o advento da industrialização, dos alimentos processados e ultraprocessados, dos agrotóxicos e assim por diante, é muito difícil conseguirmos consumir todos os nutrientes que precisamos no dia, resultando em déficit e prejuízos para a saúde.
Daí que surge a necessidade de suplementação. Com uma dieta insuficiente, até mesmo pela correria do dia-a-dia, torna-se indispensável buscar opções para completar as necessidades diárias.
Sendo indicados à “indivíduos saudáveis”, todos podem utilizá-los, com a devida orientação, justamente porque nosso organismo tem necessidade vital dos nutrientes. Estes se dividem em macronutrientes e micronutrientes, de acordo com a necessidade e o tamanho das moléculas.
Os macronutrientes, como o nome já indica, são compostos de moléculas grandes e compõem a maior parte da dieta, sendo divididos em carboidratos, lipídeos e proteínas. Já os micronutrientes são moléculas menores e precisamos consumi-los em quantidades inferiores, são as vitaminas e os minerais.
Desta forma, através de estudos e pesquisas, foram definidas quantidades específicas de vitaminas e minerais que devem ser ingeridas diariamente e dentro de cada faixa etária. Caso não sejam supridos tais valores, faz-se necessário o uso de suplementos.
Alguns destes micronutrientes já foram identificados em déficit em determinada população e já têm, por exemplo, protocolo de suplementação pelo Ministério da Saúde, como Vitamina A, D e Sulfato Ferroso para bebês.
E quais são as funções dos micronutrientes, ou seja, das vitaminas e minerais?
Vitaminas:
Funcionam como cofatores de muitas reações enzimáticas, auxiliando para que os processos fisiológicos ou bioquímicos aconteçam de forma adequada, entre eles:
- Regulação de energia corporal;
- Manutenção do equilíbrio de hormônios;
- Participação na manutenção da temperatura corporal;
- Auxílio nos processos de queima ou acúmulo de gordura.
Elas se dividem em dois grupos:
- Vitaminas lipossolúveis, que são solúveis em lipídeos: Vitamina A, Vitamina D, Vitamina E Vitamina K.
- Vitaminas hidrossolúveis, que são solúveis em água: Complexo B e Vitamina C.
Minerais:
Têm função plástica (atuam na produção e no crescimento de células e tecidos) e reguladora (controlam as funções vitais e atuam no bom funcionamento do organismo, no controle da queima de gorduras, a síntese de proteínas e a formação dos ossos, entre outras funções). São essenciais para a realização das funções metabólicas.
Existem 28 minerais, dentre eles 12 são essenciais e são divididos em dois grupos:
- Macrominerais: a necessidade diária do indivíduo é superior a 100 mg, têm atuação junto à estrutura e formação óssea, regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas, tais como magnésio, cálcio, fósforo, sódio e potássio.
- Microminerais ou elementos traço: a necessidade diária do indivíduo é inferior a 100mg, estão relacionados às reações bioquímicas, sistema imune e combate a radicais livres, tais como o ferro, zinco, selênio, iodo e manganês.
E os macronutrientes, também podem ser suplementados?
Sim, em diversas situações, principalmente na área esportiva, faz-se uso de suplementos à base de carboidratos, lipídios e proteínas, tanto combinados, quanto de forma individual. Vejamos algumas situações e sua aplicação:
- Hipertrofia: geralmente quem treina para ganhar massa muscular faz uso de suplementos de proteínas e aminoácidos para potencializar o processo, tais como whey protein, creatina, caseína, BCAA. Também são utilizados os hipercalóricos, geralmente à base de carboidratos e lipídios para oferecer energia para os treinos pesados.
- Esportes: há uma grande demanda de energia nas atividades esportivas, muito além do que uma dieta normal pode oferecer ou que o corpo pode armazenar por longo tempo. Então desenvolvem-se estratégias de suplementação para o pré e pós-treino, bem como durante a atividade física pode ser preciso uma carga rápida de carboidratos para manter a energia.
- Complemento alimentar: em determinadas situações a dieta pode não suprir as necessidades diárias do indivíduo, isso é bem comum em idosos, pois estes têm o paladar diminuído, dificuldades de dentição ou até mesmo de deglutição. Nestes casos, é necessário complementar a alimentação com os macronutrientes através de suplementos prontos.
- Saúde do coração e equilíbrio de gorduras: suplementação com ácidos graxos essenciais ômega 3 e ômega 6, os quais são fontes lipídicas, classificados como gorduras insaturadas, entre suas inúmeras funções estão o equilíbrio das gorduras saturadas e colesterol, crescimento celular e preservação do sistema nervoso.
Através destas informações, pode-se perceber que os suplementos têm finalidades específicas e são de fato uma necessidade em diversas situações. Com certeza existem casos onde são usados de forma indiscriminada, sem conhecimento ou orientação e que podem trazer riscos à saúde ou não cumprir o efeito esperado. O ideal é fazer uso com indicação médica ou de nutricionista, embora os suplementos prontos não necessitem de receituário para seu uso, e de modo geral, só causam prejuízos se consumidos em excesso ou para fins diferentes da sua indicação.
Como saber se preciso de algum suplemento?
Em geral, o indicado é buscar orientação médica ou de nutricionista, fazer exames e observar os sintomas de deficiência. Conforme já foi explanado, a dieta atual está muito empobrecida com o advento da industrialização, agrotóxicos, poluição, consumo de alimentos processados e ultraprocessados, que além de não fornecerem os nutrientes essenciais, ainda podem eliminar alguns, através da produção de radicais livres na sua metabolização.
Outro ponto para definir se você precisa de suplementação é se está fazendo alguma atividade física ou praticando esportes, nestes casos há também bastante gasto de nutrientes pelo organismo e é sempre bom observar se a alimentação está dando conta desta demanda.
Apesar da definição de serem indicados para indivíduos saudáveis que a Anvisa traz, a dieta pobre em nutrientes essenciais pode a longo prazo acarretar prejuízos à saúde e, em vez de tratar uma deficiência com a suplementação indicada, acaba-se tratando doenças, o que é ainda mais custoso para o organismo.
Em se tratando de vitaminas e minerais, sua deficiência a longo prazo acaba dando inúmeros sinais e sintomas que podem até ser confundidos com doenças tradicionais, tais como cansaço, dores no corpo, desânimo, insônia, sono excessivo, problemas de pele, unha e cabelos, dificuldades absortivas, perda de peso, falta de apetite, apetite excessivo, entre outros.
É possível fazer uma autoanálise e verificar se está apresentando alguns dos sinais descritos, pois pequenos ajustes na dieta, buscando priorizar elementos fontes de micronutrientes, e uma suplementação adequada podem trazer mais saúde e qualidade de vida.
Fontes:
https://www.cp.ufmg.br/wp-content/uploads/2022/06/clube-4o-informativo.pdf
https://vidasaudavel.einstein.br/tipos-de-vitaminas/
http://www.endocrinologia.com.br/nutricao/a-importancia-dos-sais-minerais.php
https://hospitalsiriolibanes.org.br/imprensa/omegas-as-gorduras-do-bem