Uma temática bem controversa e que causa divisão de opiniões é sobre o consumo de água tratada com cloro, se é saudável ou não.
O objetivo deste artigo é abordar as duas visões sobre o tema: prós e contras, para que cada um possa usar seu discernimento e concluir qual a melhor forma de consumir a água no seu cotidiano.
É importante salientar que, assim como outros minerais, o cloro é um eletrólito essencial ao organismo humano, tanto que patologias como a fibrose cística, onde os canais de cloro estão obstruídos, pode causar insuficiência respiratória, doenças no trato digestivo e morte precoce.
O cloro tem a função de regular os fluidos, em associação ao sódio e potássio. Essa regulação é que faz com que as mucosas se mantenham úmidas, como as do sistema gastrointestinal e pulmões, entre outras. Também ajuda na regulação do pH, ou seja, do equilíbrio ácido-base do organismo.
Sua deficiência pode causar contraturas musculares, problemas digestivos, nos dentes e perda de cabelo.
Fontes de cloro
Naturalmente produzido pelo organismo, dificilmente precisa ser suplementado, pode ser encontrado em fontes exógenas como sal de cozinha, frutos do mar, leite, carnes, ovos.
Ele é excretado pelos rins e pelo suor, bem como em situações de diarreia e vômito. Devido à alta perda em atividades físicas intensas, pela sudorese excessiva, é mais comum ser suplementado no meio esportivo, com orientação de profissional capacitado.
Até aqui estamos falando do cloro que nosso organismo utiliza normalmente, tendo sua manutenção pelo organismo, micronutriente vital, mas que não é muito comum ser suplementado.
E o cloro consumido na água tratada?
A água é um nutriente essencial à sobrevivência humana e são poucas as fontes naturais acessíveis ou poços artesianos para toda a população brasileira, por exemplo. Sendo assim, é necessário utilizar fontes como rios, os quais na maioria das vezes recebem também o esgoto produzido pela população, sendo imprescindível um criterioso processo de tratamento da água para que se torne minimamente potável.
O processo mais utilizado pelas estações de tratamento inclui a desinfecção com cloro, que tem o papel de controlar a qualidade microbiológica da água em tratamento. O processo tem outras etapas antes de chegar na ação do cloro e pode variar dependendo da localidade, mas em geral são as descritas a seguir: floculação, decantação, filtração, desinfecção e fluoretação, sendo esta última complementar.
A desinfecção mais comum é através de métodos químicos, utilizando produtos como o cloro e seus derivados, ou o ozônio junto com dióxido de cloro. Também podem ser utilizados métodos físicos, como a ebulição e raios ultravioleta, menos comuns.
Já a fluoretação (aplicação de flúor) é mais específica para a prevenção e redução de cáries dentárias na população, principalmente em crianças.
Geralmente as estações de tratamento escolhem os produtos de acordo com alguns critérios, como eficiência, custo, segurança, facilidade da aplicação, entre outros. O cloro é um dos produtos que melhor se encaixa nesses critérios, sendo utilizado nas formas gasosa, líquida (hipoclorito de sódio) e sólida (hipoclorito de cálcio).
Segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), sempre fica uma quantidade residual de cloro na água, assim como outros subprodutos resultantes do processo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Portaria No. 518, do Ministério da Saúde, de 25 de março de 2004, consideram que uma concentração de 0,5 mg/ L de cloro livre residual na água, depois de um tempo de contato mínimo de 30 minutos, garante uma desinfecção satisfatória. A OMS ressalta que não há efeitos nocivos à saúde em concentrações de até 5 mg/L de água, sendo então esse o valor de referência.
O Ministério da Saúde garante que há uma rígida legislação sobre os níveis de cloro na água, ficando como recomendação um teor mínimo de 0,2 mg/ L e máximo de 5 mg/ L, corroborando os valores recomendados pela OMS.
Se a água distribuída está dentro dos parâmetros da legislação, quais são então os argumentos contra o cloro ingerido?
Alguns estudos já na década de 70 apontaram que o cloro residual pode reagir ao longo da distribuição da água, tanto com substâncias das tubagens, quanto com substâncias orgânicas que existem nos seios da água, como ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, clorofila, entre outros, formando triclorometano (CHCl3), chamado clorofórmio. Ele faz parte da classe dos tri-halometanos (THM’s), um dos mais importantes grupos de subprodutos da desinfecção.
Neste mesmo período, também já haviam pesquisas comprovando os inúmeros problemas causados na saúde humana, afetando o sistema reprodutivo, incluindo abortos espontâneos, e maior tendência ao câncer.
Nos Estados Unidos, em 1974, foi realizado um estudo em 113 estações de tratamento de água, correlacionando o clorofórmio presente e a incidência de câncer. Anos mais tarde, em estudos com ratos, o clorofórmio causou tumores no fígado, estômago, rins, tireoide, intestino e reto naqueles que ingeriram, comprovando sua ação carcinogênica. Sabendo que o metabolismo humano é parecido com o das cobaias utilizadas, percebe-se a grande possibilidade dessa substância também exercer o mesmo efeito no corpo humano.
Estudos na Espanha relacionaram o aumento de câncer de bexiga e de cólon com os THM’s presentes na água. Outros estudos feitos no Canadá encontraram relação de câncer de estômago com a dosagem de cloro na água e de intestino grosso nos homens, assim como relação da presença de clorofórmio com câncer de reto, cólon e tórax em ambos os sexos.
O triclorometano é o THM que se forma em maior quantidade na água que está em distribuição, se estiverem presentes também nesta água o bromo ou iodo, podem ser formados mais nove THM’s diferentes, demonstrando assim a complexidade das reações que podem acontecer após o tratamento inicial da água.
Além dessas reações do cloro com outras substâncias, também têm há a hipótese de que algumas estações de tratamento ultrapassam os limites considerados adequados pela legislação, neste caso o consumo excessivo do cloro pode trazer diversos efeitos nocivos à saúde humana, seguem alguns deles:
- Produção de radicais livres, defeitos nas células e consequente formação de tumores;
- Alteração da tireoide pelo bloqueio dos receptores de iodo;
- Alteração nas artérias, podendo comprometer a saúde do coração;
- Problemas renais, principalmente para quem já tem algum comprometimento nos rins.
- Sede, náusea, problemas de deglutição, irritação na garganta, tosse e deficiências nos pulmões;
- Problemas no sistema nervoso;
- Inalação do vapor durante o banho, causando bronquite e asma;
- Absorção pela pele também durante o banho, causando eczemas, desidratação, perda dos óleos protetores, bem como dos óleos dos cabelos, causando ressecamento e envelhecimento de ambos.
O tratamento da água com cloro é uma prática amplamente adotada para garantir a segurança e a potabilidade da água distribuída à população. No entanto, como discutido, essa abordagem apresenta prós e contras que devem ser considerados com atenção. Por um lado, o cloro desempenha um papel fundamental na eliminação de microrganismos patogênicos, evitando a propagação de doenças graves. A eficácia, o baixo custo e a facilidade de aplicação tornam o cloro uma escolha comum em sistemas de tratamento de água em todo o mundo, com respaldo de organizações de saúde internacionais e normas rigorosas.
Por outro lado, os potenciais riscos associados à formação de subprodutos, como os tri-halometanos, levantam preocupações legítimas sobre a exposição prolongada a essas substâncias e seus possíveis efeitos nocivos à saúde, incluindo o aumento do risco de câncer e outros problemas sistêmicos. Portanto, é fundamental que as autoridades e estações de tratamento de água continuem a monitorar e controlar rigorosamente os níveis de cloro e seus derivados na água, garantindo que permaneçam dentro dos limites seguros estabelecidos pela legislação.
Assim, é importante que os órgãos responsáveis busquem sempre o aprimoramento das técnicas e tecnologias de tratamento para assegurar a qualidade e a segurança da água consumida pela população. E que esta, por sua vez, permaneça atenta quanto à qualidade da água que está entrando em sua casa.
Vale destacar que, para quem se preocupa com essa temática, existe a possibilidade de melhorar a qualidade da sua água com filtros e purificadores, buscando uma marca da sua confiança como por exemplo os purificadores da Alcafil que removem até de 97,9% do cloro da água e, assim, trazendo mais tranquilidade e segurança em relação a água que está ingerindo.

Fontes:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/145537/1/SDC196.pdf
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/12898/1/Resumo.pdf